Sr. Luiz Nassif.
Gostaria de lhe propor um tema que, a meu ver, merece a luz da sua pena.
Sou professor de física e tenho observado ao longo dos últimos anos, uma importante mudança comportamental entre os jovens das escolas públicas e principalmente das particulares. Eles estão reproduzindo no ambiente escolar, exatamente aquilo que rola nos programas humorísticos, nas novelas e na Internet . - O bullying.
Isto já deixou de ser uma onda, um modismo da juventude. Está mudando a mentalidade e moldando a personalidade de nossos filhos. Está cada vez mais difícil o relacionamento professor-aluno, e isto interfere no processo educacional. E a solução desse problema não está restrito ao trabalho pedagógico das escolas. É urgente que se ataque a sua causa. - A hipocrisia da sociedade, dos formadores de opinião, produtores de programas humorísticos, moderadores da Internet, jornalistas, etc...
Sob a proteção da tão propalada liberdade de imprensa, estão dando verdadeiras aulas de desrespeito, amoralidade, intolerância e violência. Veja o Casseta e Planeta, apenas para citar um exemplo.
Não é uma aula de bullying, as gozações que fazem com nosso presidente, a mais importante instituição de um país que se diz democrático? Por ser nordestino de origem humilde, um simples torneiro mecânico, faltar-lhe um dos dedos da mão, por não ter um diploma universitário, gostar de uma boa cachaça, é motivo das mais ferrenhas troças por parte daqueles que se acham superiores a ele, pois são sulistas de estirpe nobre, ricos e belos, cultos e bem formados, trabalhadores importantes de grandes empresas, que se reúnem todo fim de tarde para a happy hour a degustar seus Chivas, Johnnie Walker, Red Label, finos vinhos e cervejas alemãs. Hipócritas. Ficam tão bêbados quanto o trabalhador braçal que toma uma 51 no boteco da esquina. Se eles se julgam no direito de fazer piadas, humilhando e menosprezando o Presidente da República, porque seus filhos não poderiam fazer o mesmo com aquele coleguinha menos favorecido da escola? Porque não poderiam tirar sarro da professora, faltar-lhe com o respeito, se é que sabem o que é isso?
Temo que vamos perder essa guerra e ter de suportar nossos filhos fazendo o mesmo conosco.
Há bem poucos jornalistas verdadeiros no Brasil. E tenho certeza que o senhor é um deles. Por isso estou a lhe pedir socorro. Por favor, não deixe de trabalhar esse tema de maneira recorrente em todos os meios de comunicação. Se essa gente que se julga “de elite”, não se tocar, o que hoje vemos como bullying nas escolas, amanhã estará estourando como violência nas ruas. E nossos filhos serão os protagonistas.
Hamilton Ribas Filho
Apiaí - SP
